Estrela de “À espera de um milagre” e porta-voz da PETA morre de doença cardíaca, aos 54 anos idade
“Green Mile” Star & PETA Spokesperson Dies of Heart Disease, 54, de Anthony Colpo
(http://anthonycolpo.com/green-mile-star-dies-after-becoming-vegetarian/)
Traduzido por Renato Alves.
Qualquer um que assistiu ao filme À espera de um milagre [The Green Mile] lembra-se, sem dúvida alguma, do físico avantajado, de 131,5 kg, de Michael Clarke Duncan. Enquanto sua musculatura protuberante fazia olhos e mandíbulas saltarem, sua atuação, ao lado de Tom Hanks, conferiu-lhe gratificações, incluindo a indicação para um Academy Award e Globo de Ouro como melhor ator coadjuvante.
O papel de Duncan foi particularmente digno de nota, por se tratar de um raro exemplo onde foi dado a um fisiculturista corpulento um papel “sério” e destacado, em um longa-metragem de Hollywood, ao invés do papel usual como valentão troglodita ou herói do filme que não tira o dedo do gatilho.
Infelizmente, Michael Clarke Duncan, descrito por muitos como um “gigante amável”, morreu em 3 de setembro de 2012, aos 54 anos de idade, após ter sofrido princípio de ataque cardíaco em julho. Duncan “sofreu de enfarte do miocárdio em 13 de julho e nunca se recuperou completamente” – declarou um porta-voz.
Antes de se tornar um ator reconhecido, Duncan, nascido em Chicago, utilizava sua estatura de 1,98 m como guarda-costas de celebridades como Will Smith, Martin Lawrence, Jamie Foxx, LL Cool J e The Notorious B.I.G., ao mesmo tempo em que realizava pequenas participações em programas de televisão e filmes.
Em 1998, Duncan foi escalado para o elenco do filme Armagedom, no papel de Bear, onde estabeleceu amizade com seu colega de elenco Bruce Willis. A influência de Willis o ajudou a emplacar o papel que o levou ao estrelado, no filme À espera de um milagre. Então, Duncan apareceu em diversos filmes que o tornaram um astro: Meu vizinho mafioso, Planeta dos macacos, O rei escorpião (onde estrelou ao lado de seu amigo, Dwayne “The Rock” Johnson), A ilha e Demolidor: o homem sem medo.
A adesão de Duncan ao vegetarianismo
Em 2009, Duncan sucumbiu ao apelo vegano e passou para uma alimentação isenta de carne. Dois meses apenas antes de seu ataque cardíaco, Duncan exibiu seu físico imenso em uma nova peça publicitária da PETA, apresentando o slogan “Eu sou Michael Clarke Duncan e eu sou vegetariano” [“I Am Michael Clarke Duncan, and I Am a Vegetarian”].
Em um vídeo para a campanha, o ator indicado para um Oscar disse que, anteriormente, ele “consumia muita carne” e “notou que tinha muitos problemas também”. Se a carne era a causa destes problemas é altamente questionável, entretanto, Duncan decidiu “tentar algo novo, empolgante e diferente” e se tornou vegetariano. Dentre suas fontes de inspiração para esta mudança radical na alimentação, estão vídeos da PETA e os livros Magra e poderosa [Skinny Bitch] e Magro e poderoso [Skinny Bastard].
Ironicamente, Duncan alegou no vídeo da campanha publicitária que ele se sentia muito mais saudável, desde que se tornara vegetariano. “Estou muito mais forte do que quando eu comia carne”.
https://www.youtube.com/watch?v=V8jQp0kq_L4
“A maioria de seus animais selvagens mais poderosos são vegetarianos, então, estou tentando elevar minha força para aquele patamar[1]. Não sei se conseguirei ou não, mas os elefantes são vegetarianos[2]. Eles são tão grandes, tão…”.
Aprendendo com os erros alheios
Duncan faleceu aos 54 anos, um ano a menos que a morte prematura de meu pai (ele morreu com 55 anos de um segundo e fulminante ataque cardíaco).
A ocorrência do ataque cardíaco derradeiro de meu pai foi rápida, não tanto por causa de maus conselhos de saúde, mas por causa de total falta de conselho sobre estilo de vida por parte de seus médicos. O distresse foi um grande problema para meu pai, que o levou à condição de hipertenso e pré-diabético. Sem contar um seminário de duas horas para vítimas de ataque cardíaco recente, onde os apresentadores vomitavam um monte de besteiras sem comprovação científica e essencialmente inúteis sobre colesterol, não fora oferecido a meu pai qualquer conselho de saúde, a não ser advertências tímidas para “tentar pegar mais leve”.
Quanto a Duncan, é difícil fazer qualquer comentário conclusivo com tão pouca informação disponível, mas existem alguns pontos que merecem ser debatidos.
Em primeiro lugar, a hipocrisia dos veganos. Se Duncan tivesse aderido à alimentação com baixo teor de carboidratos ou a chamada “paleolítica”, três anos atrás, você pode apostar que a divulgação de sua morte já estaria exageradamente estampada em todos os sites e fóruns da internet.
Certamente, a turma vegana prefere agir como se jamais tivesse ouvido falar de sua morte, e, quando pressionada sobre esta questão, obviamente, insiste em dizer que sua morte possivelmente não tem nada a ver com seus três anos precedentes como vegetariano.
Se a adesão de Duncan ao vegetarianismo acelerou sua partida precoce ou não, uma coisa é certa: com certeza, não o ajudou. Todos os alegados benefícios estrondosos da alimentação vegetariana claramente não se cumpriram para Duncan. O poderoso ator até poderia estar ficando mais forte, na academia de ginástica, mas houve um músculo que estava ficando mais fraco. E quando este músculo pára de bombear, o quanto de peso você consegue levantar ou suportar não importa em nada.
Antes de debatermos como uma alimentação vegetariana poderia piorar um coração já enfermo, vamos dar uma olhada em alguns outros fatores que poderiam ter influenciado no falecimento daquele gigante ator.
Os perigos de ficar marombado
Com 131,5 kg, Duncan era um cara grande. De acordo com a Wikipédia, em 2002, solicitou-se a ele que ganhasse mais peso ainda (mais 18 kg) para o papel de Kingpin. Para isto, “ele teria de levantar pesos por 30 minutos diariamente, praticar uma ou duas repetições de powerlifting[3] por dia e comer o que quisesse.”
Pessoal, a combinação de pouco exercício (pelo que parece, não são exercícios cardiovasculares) com o consumo de alimentos excessiva e indiscriminadamente é algo realmente ruim. Se você quer encontrar uma forma de arruinar sua saúde e encurtar seus anos de vida o mais rapidamente possível, devem ser colocadas no topo da lista de seu plano de ação a comilança e a falta de atividade física.
É muito lamentável, quando pessoas com este tipo de comportamento sofrem as conseqüências inevitáveis a sua saúde e, então, voltam-se contra e culpam, não sua falta de atividade física ou as milhares de calorias extras das porcarias que comem, mas a boa e velha carne. É isso aí. O bode-expiatório preferido de todos, a carne perfeitamente saudável e natural, a mesma que nos acompanha por 2,4 milhões de anos[4], enquanto que incontáveis outras espécies herbívoras tombaram à margem do caminho, sempre leva a culpa dos intermináveis excessos que são característicos do dia-a-dia da alimentação e do estilo de vida ocidentais.
Se há algo que vocês podem aprender das mortes de meu pai e de Michael Clarke Duncan é que esta conduta não se atém às coisas que realmente importam e que são fatais. Enquanto a propaganda da PETA e a formatação popular de tolices, como Magra e poderosa e Magro e poderoso convenceram Duncan a eliminar a carne de sua alimentação, aposto que ninguém jamais lhe disse para verificar seu nível de ferritina sérica. E, caso ele o verificou, aposto que ninguém disse uma palavra, a não ser se estivesse acima de 400, o nível oficial de hemocromatose.
Não importa que as mulheres entram em menopausa e param de drenar, regularmente, sangue com alto teor de ferro de seus corpos, que sua ferritina sérica suba de uma média de 23 para 89, um nível no qual seu risco anterior de ataque cardíaco prontamente se eleva, equiparando ao dos homens na mesma idade. E não importa que ensaios clínicos aleatorizados conseguiram redução significativa na incidência de doenças cardiovasculares (e câncer) e na mortalidade de pacientes com flebotomia regular (extração sangüínea).
Aposto que ele não recebeu qualquer aviso a respeito dos riscos de se manter tamanho peso corporal por meio de uma alimentação que parece ter sido delineada para levantamento de pesos pesados, junto com condicionamento cardiovascular pífio ou inexistente. E convenhamos, pessoal. Treino com pesos, da forma realizada por 99% dos praticantes, não constitui condicionamento cardiovascular suficiente, principalmente quando realizado com poucas repetições e períodos extensos de repouso (e não me venham com a balela de “agachamentos com respiração”, fazendo cócegas ao coração e aos pulmões, como sendo tão eficientes quanto duas horas de corrida em uma montanha. O vídeo abaixo mostra um homem que podia fazer vinte repetições de agachamento da forma mais bem executada possível, o último dos homens-fortes, Jesse Marunde. Os agachamentos se iniciam ao 1:15 do vídeo):
https://www.youtube.com/watch?v=RyyqDB6WMuI
Marunde, de 136 kg, segundo colocado no campeonato do Homem Mais Forte do Mundo, em 2005, ficando atrás do polonês Mariusz Pudzianowski, a sensação neste meio, morreu após um treinamento, em 2007. A causa de sua morte foi defeito genético cardíaco, cardiomiopatia hipertrófica, uma das principais causas de morte súbita devido a problema cardíaco entre atletas jovens. Ele tinha apenas 27 anos de idade.
https://www.youtube.com/watch?v=FV4dmHHPqDo (Jesse Marunde versus Mariusz Pudzianowski)
Jesse juntou-se à longa lista de homens-fortes gigantes que sofreram de problemas cardíacos em idade desproporcionalmente jovem, incluindo O. D. Wilson (ataque cardíaco fulminante, na idade de 37 anos), Jón Páll Sigmarsson (ataque cardíaco fulminante aos 32 anos) e Magnus Ver Magnusson (ataque cardíaco não fatal aos 35).
Compare esta falta de longevidade alarmante àquela do homem-forte de antigamente, que colocava mais ênfase no condicionamento cardiovascular, como Joe Rollino (morreu aos 104 anos de idade, por ter sido atropelado por um furgão, no bairro nova-iorquino do Brooklyn) e Jack LaLanne (morreu de pneumonia aos 96 anos).
http://anthonycolpo.com/wp-content/uploads/2012/09/joe-rollino.jpg (Os homens-fortes de hoje não são mais como os de antigamente: O famoso homem-forte Joe Rollino praticando boxe com sua sombra, em seu 103º aniversário.)
O caso de Rollino é particularmente instrutivo. Apesar de se aclamarem como praticantes de uma alimentação superior, os vegetarianos tendem a ter poucos de seus membros entre a população centenária. Entretanto, Rollino foi um vegetariano longevo que também evitava cigarros e álcool. Da mesma forma como Duncan o fez nos três anos finais de sua vida, Rollino também se abstinha de carne e andava 8 km todas as manhãs, com chuva ou com sol. Já fora membro do Coney Island Polar Bear Club, um grupo de pessoas que nadavam no Oceano Atlântico, na época do ano em que as águas estão mais cruéis e geladas. “As pessoas me disseram que é dele o recorde por nadar diariamente, por oito anos” – disse Louis Scarcella, 59 anos, ex-detetive de homicídios e membro do clube.
Não obstante sua força notável, Rollino nunca foi uma pessoa corpulenta. Com 1, 65 m de altura, seu peso oscilava entre 56 kg e 68 kg. Parecia que ele tinha ganhado na loteria genética. Em uma entrevista, em 2008, ele dissera ter “nascido forte”.
Sob todos os pontos de vista, Joe Rollino aproveitou ao máximo a vida e ansiava com entusiasmo pelo dia seguinte. Ele nunca estava pessimista, sarcástico, zangado ou ressentido e desfrutava de amplo círculo social, no qual era bem acolhido e respeitado. Ainda mais do que o exercício diário, fatores psicossociais que contribuem tão poderosamente para a saúde são lamentavelmente menosprezados pelo público, assim como pelos pesquisadores nutricionais, que preferem acreditar que a chave para a longevidade reside em algum tipo de método alimentar mágico.
Desde que você faça as coisas certas para alcançá-lo, ter um corpo atlético e com músculos fortes contribui para saúde mental e física. Mas as coisas tipicamente necessárias para levar seu corpo de meramente desgastado à categoria de monstro de carteirinha não são saudáveis. Os registros históricos indicam que pessoas pesando ao redor de 136 kg e que constantemente submetem seus corações a esforços agudos extremos, sem o pré-condicionamento cardiovascular necessário, quase invariavelmente sofrem de problemas cardíacos decorrentes e freqüentemente têm sua longevidade grandemente diminuída.
Mas e quanto ao vegetarianismo e as doenças cardíacas?
Defensores do vegetarianismo e do veganismo costumeiramente fazem afirmações ousadas em relação a sua alimentação, incluindo a de risco intensamente reduzido de doenças cardíacas, bem como a capacidade de a alimentação isenta de carne “reverter” aquelas doenças.
As alegações a respeito da redução do risco de doenças cardiovasculares advêm de estudos epidemiológicos, estas vastas minas de ouro de dados estatísticos facilmente manipuláveis, tendenciosos de acordo com o propósito. Mas quando você olha mais de perto estes estudos, algumas coisas se destacam:
- No geral, vegetarianos fumam menos, exercitam-se mais e são menos propensos a estarem acima do peso do que as pessoas onívoras. Isto explicaria seu risco menor de doenças cardiovasculares. Apesar disso, pessoas que consomem carne e possuem estes mesmos hábitos saudáveis também desfrutam de risco significativamente menor de doenças cardiovasculares.
- Não obstante seu risco menor de doenças cardiovasculares, os vegetarianos não desfrutam, em média, do benefício da longevidade de forma alguma, levando a crer que outros aspectos prejudiciais de sua alimentação ou estilo de vida contrabalanceiem os benefícios vasculares devidos a redução de fumo, de inatividade física e dos índices de obesidade. O maior estudo de acompanhamento de doenças cardiovasculares, câncer e taxas gerais de mortalidade em vegetarianos e onívoros é o estudo EPIC-Oxford. O artigo mais recente do estudo EPIC, com acompanhamento de 2007 e abrangendo mais de 64.000 participantes, mais uma vez, não encontrou diferença na mortalidade geral entre vegetarianos e não-vegetarianos. Pessoas que consomem peixe e vegetarianos apresentaram taxas levemente menores de doenças cardiovasculares do que as dos consumidores de carne, mas taxas maiores de derrame. A incidência total de câncer foi significativamente menor entre consumidores de peixe e borderline significativamente menor entre vegetarianos do que entre consumidores de carne. Em total contraste ao dogma anti-carne predominante, o risco de câncer colorretal foi significativamente maior entre vegetarianos. Quanto à somatória de todas as causas de morte, a mortalidade de consumidores de peixe foi um pouquinho mais baixa do que a de consumidores de carne, e a mortalidade de vegetarianos foi um pouquinho mais alta. [1,2].
Em relação às alegações de que a alimentação vegetariana/vegana é mais saudável ao coração, seus defensores invariavelmente apontam para os trabalhos do Dr. Caldwell Esselstyn e Dr. Dean Ornish.
Citar o trabalho de Esselstyn quanto a este respeito é muita insinceridade. Ao mesmo tempo em que ele, de fato, relatou regressão de espessura coronária e notável redução em ocorrências cardiovasculares em seu trabalho publicado, seu procedimento envolveu diversos fatores diferentes em conjunto, como evitar-se carne, erradicação de alimentos processados e refinados, evitar-se açúcar, redução de calorias e perda de peso. O estudo coorte do qual ele obteve seus dados originalmente contava com uma mulher e vinte e três homens, sem qualquer grupo de controle compatibilizado. A única coisa que lembrava “controle” eram seis pacientes sem queixas que deixaram seu programa e retornaram à “assistência padrão”. Esselstyn e seus apoiadores são ligeiros em rotular carne como um agente aterogênico, mas a ciência idônea prega que, antes de alguém sequer pensar em fazer tais alegações, deve-se testar sua hipótese, comparando dois grupos pareados em todos os sentidos, exceto pelo consumo de carne. Esselstyn não chegou nem perto disto. Seu relatório descreve, não um ensaio controlado aleatorizado, mas um acompanhamento clínico de um grupo pequeno e seleto de pacientes seguindo procedimentos alimentares variados. Para se alegar que o trabalho de Esselstyn confirma característica aterogênica da carne, frente a todas estas discrepâncias, é, falando muito francamente, estupidez.
Quanto a Ornish, o grupo procedimental de seu extensamente elogiado Lifestyle Heart Trial também foi submetido a um programa de procedimentos variados, neste caso, incluindo não apenas uma diversidade de mudanças alimentares, mas também atividade física e redução de distresse. Ornish relatou maior regressão de espessura arterial e menor número de ocorrências cardiovasculares em seu grupo procedimental, em comparação do grupo de controle. Não foi tão extensamente elogiado o fato de ter havido maior taxa de mortalidade no grupo procedimental, após cinco anos de acompanhamento (duas mortes, em contraste com uma, no grupo de controle). Isto pode ter sido obra do acaso, de acordo com Ornish, apesar de um dos óbitos do grupo de tratamento ter sido de um participante que parara de seguir o procedimento, e o outro, de um participante que, conforme consta nos relatórios, teve sua freqüência cardíaca alvo excedida durante atividade física, com conseqüências fatais [3].
Pena não dispormos de um ensaio mais amplo, para analisarmos mais detidamente. Espere um minuto… nós temos! O projeto Multicenter Lifestyle Demonstration procurou aplicar o procedimento do ensaio original de Ornish a um grupo maior de pacientes cooptados de clínicas de profissionais médicos dos Estados Unidos, de oito centros médicos de todo o país, habilitadas em todos os aspectos do programa Lifestyle, o qual administraram a pacientes com doença na artéria coronária. O estudo não foi aleatorizado nem controlado. Ao invés disso, os resultados obtidos de 194 pacientes que concluíram o procedimento foram comparados com os de 139 pacientes que não fizeram parte do programa Lifestyle.
Após três anos, não houve diferenças significativas em taxas de ocorrências cardíacas nem de mortalidade entre pacientes do procedimento e dos grupos de controle. O número de ocorrências cardíacas por paciente, ao ano, do acompanhamento, quando comparado o do grupo procedimental com o do grupo de controle, foi o seguinte: 0,012 contra 0,012 para enfarte de miocárdio; 0,014 contra 0,006 para derrame; 0,006 contra 0,012 para mortes não relacionadas a ocorrência cardíaca; e 0,014 contra 0,012 para mortes relacionadas a ocorrência cardíaca (nenhuma das diferenças foi estatisticamente relevante) [4].
O programa de Ornish até pode promover melhoras, em curto prazo, na imagem da seção transversal da artéria, mas qualquer alegação de que reduz mortalidade efetiva por doenças cardíacas e por derrame é claramente falsa. De acordo com seus próprios dados, ao contrário das alegações que ele faz em livros e entrevistas, seu programa não faz nada do tipo. E, mesmo se fizesse, a natureza multifacetada de seu programa de procedimentos automaticamente impossibilitaria a emissão de qualquer alegação de que a privação de carne foi o fator responsável.
Vale reiterar que o ensaio de procedimento alimentar contra doenças cardiovasculares de maior sucesso de todos os tempos foi o Lyon Diet Heart Study, de Michel de Lorgeril, uma alimentação não-vegetariana, contendo carne bovina e peixe. Após um acompanhamento médico de 27 meses, as doenças cardiovasculares e a mortalidade geral durante o tratamento sofreram uma queda, respectivamente, de 81% e 60%. Estamos nos referindo a reduções gigantescas de mortes efetivas, pessoal, não a meras mudanças microscópicas na espessura arterial, como as determinadas por angiografia. A redução da mortalidade no grupo procedimental de de Lorgeril foi tão drástica que o ensaio teve de ser terminado antecipadamente, por não ser ético continuar mantendo o grupo de controle no estudo. Não é necessário dizer que nada relatado por Esselstyn ou Ornish jamais poderia se equiparar às reduções drásticas nas taxas efetivas de óbito vistas naquele estudo.
Apenas algumas das muitas falhas nutricionais da alimentação vegetariana
Quando alguém com condicionamento cardíaco precário realiza atividade extenuante, existe aumento acentuado da possibilidade de que seu músculo cardíaco sofra dificuldades para contração e do que se conhece como isquemia (falta perigosa de oxigênio). Ademais, qualquer propensão a coagulação sangüínea de maneira mais imediata pode estimular trombose, a formação de coágulos sangüíneos.
Existem diversos nutrientes que desempenham papéis fundamentais na contração do músculo cardíaco e na redução do risco de trombose, e uma alimentação vegetariana oferece quantias menores de muitos deles, incluindo, mas não se limitando a eles, taurina, carnitina, creatina e ácidos graxos ômega-3 de cadeia longa.
A suplementação de carnitina tem sido usada por médicos italianos com sucesso, no tratamento de pacientes com doenças cardiovasculares e insuficiência cardíaca, e estudos comparativos mostram que veganos e vegetarianos possuem índices menores de carnitina do que os de pessoas onívoras [5-7]. Reconhecidamente, as diferenças são maiores em crianças do que em adultos, e desconhece-se exatamente qual, se as pequenas diferenças desempenham algum papel na patogenesia de doenças cardiovasculares.
A taurina é um amino-ácido com provimento muito menor para os vegetarianos, e até mesmo alguns defensores veganos prolíficos reconhecem que esta deficiência poderia predispor veganos a maior risco de doenças cardiovasculares:
“Os índices de taurina no plasma são menores, e a excreção de taurina pela urina é substancialmente menor em vegetarianos do que em onívoros. Plaquetas sangüíneas são ricas em taurina, que atua fisiologicamente no refreamento do influxo de cálcio, incitado por agonistas agregantes, com isso, ajustando, por redução, a agregação plaquetária”.
Traduzido, este palavreado científico significa “Carência de taurina nos vegetarianos pode promover coagulação sangüínea”. Considerando que a coagulação sangüínea é um fator precipitante importante em muitos ataques cardíacos, isto não é uma boa coisa.
Outro fator que parece agravar esta predisposição a aumento de trombose é a alta razão entre ácidos graxos ômega-6 e ômega-3, vista no plasma de vegetarianos. Pesquisadores do RMIT da cidade mais fantástica da Austrália e “mais habitável do mundo”, Melbourne, descobriram que a razão n−3:n−6 das plaquetas e do plasma era significativamente menor em ovo-lacto-vegetarianos e veganos do que em consumidores de carne. Então, amostras sangüíneas destes três grupos foram submetidas a testes de agregação plaquetária. Antes de eu lhe dizer o que aconteceu – prepare-se, pessoal, aí vem mais palavrório científico:
“Agregação plaquetária estimulada por colágeno e adenosina difosfato no sangue integral mostrou tendência significativamente oposta à razão n−3:n−6, tanto no plasma quanto nos fosfolipídios plaquetários. Descobriu-se maior quantidade de 11-dehidro-tromboxane B2 (11-dehidro-TXB2) plasmático, um metabólito estável da tromboxane A2, em grupos de ovo-lacto-vegetarianos e veganos do que naqueles de pessoas que consomem carne”.
Estre trecho basicamente significa que vegetarianos possuem risco potencialmente maior de trombose do que o de onívoros.
E, pessoal, nem vou mencionar a carência de vitamina B-12, que somente os defensores veganos mais iludidos insistem que não seja um problema. É um problema enorme, conforme explica este artigo[5].
E eis um link[6] para um estudo descrevendo um homem de 56 anos que praticou alimentação vegetariana por 40 anos, sendo, nos 4 últimos, alimentação vegana. Nossa! Ele deve ter tido artérias impressionantes, se acreditarmos nos encantos da “alimentação à base de alimentos de origem vegetal”. Ao contrário, ele foi levado ao hospital com aterosclerose aórtica, angina e necessitando de substituição da válvula aórtica. E ele ainda recebeu um bônus por seus esforços, que a maioria dos onívoros não recebem: carência de vitamina B-12.
Em síntese, não existem, absolutamente, evidências críveis de que alimentação vegetariana ou vegana possa reduzir a incidência de doenças cardiovasculares ou mortalidade, mas existem diversas linhas de evidências, a não ser que você nasceu com a genética de um Joe Rollino, de que ela, na verdade, aumenta estes desfechos.
Isto, meus amigos, é o fundamento terrivelmente fajuto sobre o qual o pessoal é levado a adotar alimentação vegetariana. A propaganda vegetariana / vegana certamente não ajudou Michael Clarke Duncan e, até mesmo, pode ter antecipado sua partida antes de hora.
Não caia no mesmo erro.
Nota de isenção de lucros: Sem contar um saco de ossos para sopa que um açougueiro, certa vez, deu-me, este que vos escreve jamais recebeu qualquer benefício da indústria da carne, financeiro ou de qualquer outro tipo.
Referências
- Key TJ, et al. Mortality in British vegetarians: results from the European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition (EPIC-Oxford). American Journal of Clinical Nutrition, 2009; 89 (Suppl): 1613S–1619S.
- Key TJ, et al. Cancer incidence in vegetarians: results from the European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition (EPIC-Oxford). American Journal of Clinical Nutrition, 2009 89: (Suppl): 1620S-1626S.
- Ornish D, et al. Intensive lifestyle changes for reversal of coronary heart disease. Journal of the American Medical Association, Dec 16, 1998; 280 (23): 2001-2007.
- Koertge J, et al. Improvement in medical risk factors and quality of life in women and men with coronary artery disease in the Multicenter Lifestyle Demonstration Project. American Journal of Cardiology, Jun 1, 2003; 91 (11): 1316-1322.
- Lombard KA, et al. Carnitine status of lactoovovegetarians and strict vegetarian adults and children. American Journal of Clinical Nutrition, 1989 Aug; 50 (2): 301-306.
- Rebouche CJ, et al. Utilization of dietary precursors for carnitine synthesis in human adults. Journal of Nutrition, 1989 Dec; 119 (12): 1907-1913.
- Etzioni A, et al. Systemic carnitine deficiency exacerbated by a strict vegetarian diet. Archives of Disease in Childhood, 1984 Feb; 59 (2): 177-179.
Fontes para informação sobre Michael Clark Duncan:
- http://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Clarke_Duncan
- http://www.guardian.co.uk/world/2012/sep/04/michael-clarke-duncan-green-mile-dead?newsfeed=true
- http://www.kshb.com/dpp/entertainment/celebrity/Green-Mile-star-joins-veggie-campaign_23162602
- http://www.smh.com.au/entertainment/movies/green-mile-actor-michael-clarke-duncan-dead-at-54-20120904-25b6l.html
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Anthony Colpo é um pesquisador independente, especialista em condicionamento físico e autor de The Fat Loss Bible [A bíblia da perda de gorduras] e The Great Cholesterol Con [A grande fraude do colesterol]. Para mais informações, visite TheFatLossBible.net ou TheGreatCholesterolCon.com .
Copyright © Anthony Colpo.
[1] Afirmação questionável, bastando averiguar a exuberância e abundância, em igual medida, de fortes, vigorosos e imponentes animais carnívoros no mundo selvagem, a começar pelo que recebe o título do rei dos animais, o leão. (Nota do Tradutor: NT)
[2] Além da força, é notória a porcentagem de gordura corporal dos paquidermes, não servindo, portanto, de bom argumento em relação à saúde, se, por mimetização, desejássemos que nosso corpo tivesse a mesma estrutura do daquele animal. Ademais, uma comparação entre os sistemas digestivos do elefante e do ser humano apontaria a alimentação herbívora adequada àquele animal, o que não poderia ser afirmado veementemente à segunda espécie. (NT)
[3] Powerlifting é uma prática de musculação composta de estágios, que podem ser realizados em sequência ou isoladamente: agachamento, supino e levantamento. (Fonte: Hipertrofia.org. NT)
[4] Obviamente, dada a mudança das espécies utilizadas pelo homem, para sua alimentação, bem como mudanças nutricionais dos mesmos animais e alterações ambientais, como o advento de poluentes artificiais, não se pode afirmar que a composição nutricional da carne, como alimento, manteve-se intacta, ao longo da história da humanidade. Todavia, tal fato não desabona a linha argumentativa do autor. (NT)
[5] http://www.ajcn.org/content/78/1/3.full .
[6] http://annals.org/article.aspx?articleid=694510 .
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